sábado, 27 de julho de 2013

Das Memórias de Figueiró II

Um S. Pantaleão muito martirizado

S. Pantaleão é um daqueles santos esquisitos, que quase ninguém conhece e poucos lhe viram a cara. Claro que a iconografia ou a imagem dos santos é coisa que varia muito ao longo dos tempos e das culturas…
Não cabe aqui grande conversa sobre as virtudes ou história do santo, sobre o seu culto e memórias – podem sempre ser consultadas por , sob várias formas, mais leves ou mais sérias.

Para além de um ou outro pormenor mais curioso, S. Pantaleão foi, até há relativamente pouco tempo, padroeiro da cidade do Porto e, há muito sem qualquer celebração religiosa, subsiste em Figueiró dos Vinhos dando o nome à sua Feira Anual. Em ambos os casos, parece que a difusão do seu culto se deveu à acção prosélita de D. Diogo de Sousa (1461-1532), bispo do Porto, arcebispo de Braga, filho dos Senhores de Figueiró. Curiosamente, em todas estas terras o santo popularmente festejado é, há muito, S. João. Pantaleão tem vindo a cair no esquecimento, pelo menos quanto à sua devoção…

Iconograficamente podem existir algumas dúvidas. «Há representações de São Pantaleão crucificado numa aspa, martírio semelhante ao de Santo André» - dizem. Além disso também se confunde por vezes a sua imagética com a de S. Sebastião – pode parecer-se com este, mas com menos “buracos” de setas… 
Mas aqui (vale a pena ler mais - a meio do artigo) um texto que tira as dúvidas: «Na história hagiográfica deste santo (…) aparece a sucessão de uma série de martírios que Pantaleão superou com a coragem de um leão, os quais têm a aparência inconfundível de um processo iniciático superior em que intervêm os quatro elementos naturais (ar, fogo, água, terra) (…) E logo depois deu-se a consumação do seu martírio, preso a uma oliveira – árvore sagrada no contexto religioso mediterrâneo – (…) fazendo este Mestre com que a sua quintessência da vida que é o sangue, fizesse florescer a árvore e dar frutos …». Trocando por miúdos – parece que o tentaram matar de várias maneiras e todas falharam, acabando por o atar a uma oliveira e o decapitaram, o sangue do mártir terá feito a velha árvore rebentar de novo.

Portanto, na imagética, S. Pantaleão não aparece «crucificado numa aspa» mas atado a uma oliveira. Tal como nesta imagem, provavelmente do séc. XIX, existente por Terras do Bouro.




Eis pois, não contando com as relíquias tardo-medievais aqui evocadas num belo texto de D. Manuel Clemente , a representação de S. Pantaleão, o patrono da feira de Figueiró dos Vinhos.

 Mas uma pergunta subsiste – para ainda dar nome à feira anual, por certo, em algum tempo, o santo deverá ter tido especial devoção… Nada resta? talvez, por hoje, disfarçado de algum S. Sebastião numa capela escondida? nem isso?


Resta pelo menos este. Uma pequena imagem (c.24cm) de S. Pantaleão, atado à oliveira e com algumas chagas dos tormentos. Aparentemente do séc. XVII ou XVIII, em mau estado de conservação, já sem o braço direito (que o colocaria, provavelmente, numa posição simétrica do outro, o do Bouro), com falhas e defeitos, um S. Pantaleão oriundo de Figueiró dos Vinhos. E, ao que tudo indica, da Cerca das Freiras… Tudo o mais que possa ser dito serão suposições.

27 Jul. 2013 (dia de S. Pantaleão). LBG


...Mea culpa !

No que acima está dito, com a pressa, por esquecimento ou ignorância, ficou algo por dizer.

Melhor, foi dito com ar definitivo «na imagética, S. Pantaleão não aparece “crucificado numa aspa” mas atado a uma oliveira». Sendo em parte verdade, como vimos pela história do santo, não o será totalmente. Acontece bastantes vezes S. Pantaleão surgir representado atado à dita árvore, mas com a forma clara de uma aspa (ou cruz de S. André). Como se pode ver nesta bela imagem existente na Sé do Porto e referida aqui, em mais um artigo que ajuda a compreender esta estória.






Ora, claramente dentro desta mesma tipologia, podemos encontrar uma também interessante imagem de S. Pantaleão na Igreja Matriz de S. João Baptista em Figueiró dos Vinhos. Á vista de todos. E desta, é que eu me esqueci!
No retábulo à esquerda da Capela-Mor – o agora presidido por uma imagem mais recente do S. S. Coração de Jesus – lá está a imagem de S. Pantaleão, o patrono das Festas da Feira Anual. Atado à oliveira, mas com os ramos cruzados em X.

Como suspeitava, não numa «capela escondida» mas na Matriz da Vila, subsiste, e ainda bem, a imagem do santo que em tempos deve ter sido objecto de devoção importante das gentes figueiroenses. “Disfarçado” de S. Sebastião – e de tanto o ter ouvido, também eu já estava convencido – lá está ele, o médico mártir de Nicodémia.

S.Sebastião.
Imagem existente no Convento do Carmo, 
Figueiró dos Vinhos.
O corpo nu, já sujeito aos vários tormentos e pronto a ser decapitado, miraculosamente não apresenta praticamente marcas do padecimento, salvo a queimadura junto ao peito. 

Ao contrário das representações de S. Sebastião, normalmente prestes a agonizar, crivado de setas, flechas ou virotes, ou das respectivas marcas, como nesta imagem existente no Convento de Nª Sª do Carmo, ao fundo da Vila. Este, sim, é S. Sebastião. Mais "buraco", menos "buraco".

Fica a rectificação.


7 Ago. 2013. LBG

            


domingo, 21 de julho de 2013

“Ó Ernestina, vamos embora…

qu’isto foi tudo uma grande aldravice!”

           Eu sabia que tinha. Não sabia era aonde. Mas, um destes dias, lá me apareceu. Por isso aqui se partilha. Não só de coisas boas, também da ranhosice se escrevem estas estórias.
Hoje servimos um prato frio, filho de pai (ou mãe) incógnito, e falso como Judas! Ranhoso e rançoso. Manhoso. De quinta categoria. Do qual não valeria muito falar, não fora começar a ser useiro e vezeiro citá-lo, em todo ou em parte, como se fosse de primeira apanha.
Não é. E, antes que a moléstia alastre, o melhor é cortar cerce, matar de vez, acabar com a peste.

Trata-se de um famigerado postal, alegadamente de JMalhoa, supostamente dirigido à irmã – resta saber a qual delas? – surdido não se sabe bem donde nem como, e que, convenientemente, tal como surgiu, também desapareceu.
Desaparecido – ainda bem e já lá iremos – continua, contudo, a dar-nos cabo da paciência. Porque, volta e meia, por ignorância ou desleixo, lá temos uma frasezinha da fraudulenta missiva com honras de citação nalgum trabalho de mérito aparente. O que cheira logo a esturro e estraga tudo!

Ao que parece, o postalito fatela era tesourinho - «deprimente», pois claro! - do antigo CCFV [1]. Tal como outras coisas que nunca vi, mas ouvi falar - e refiro um dos alçados originais do projecto da ampliação do «Casulo», 1898, do Arq. Luiz Ernesto Reynaud [2]  – ter-se-á, entretanto, sumido!
Resta, do dito postal, a reprodução fac-similada publicada em 1995 [3] que aqui se mostra. E, graças às novas tecnologias, em melhor tamanho, para tirar todas as dúvidas.


Já agora, também se transcreve na íntegra. Para não haver desculpa e não mais alguma destas frases torpes e apócrifas voltar a ser citada como se da pena malhoesca proviesse.

«Figueiró dos Vinhos 
21 Agosto 1898
Caríssima irmã, desculpa a demora das minhas noticias mas, o clima e a beleza desta magnifica região têm-me prendido, como sempre.
A riqueza paisagística, a luz, as cores e a autenticidade desta gente constituem a fonte de inspiração ideal para o meu pincel. Sinto que vou passar aqui a fase mais importante da minha vida, por isso, decidi construir um Atelier e uma casa para me radicar futuramente.
Recebe um grande abraço
o teu irmão
José Malhoa.»

Ora, tudo isto é triste, tudo isto é falso!
Basta olhar e ver - não engana ninguém, sequer algum parvo.

A caligrafia não é de Malhoa - e não é preciso um grande grafologista para o afirmar. A conversa e os termos, simpaticamente convenientes para peculiares modos de fazer, estão longe do léxico e cânones malhoescos. Quanto à ortografia, o(a) autor(a) [4] da macacada nem se preocupou em arremedar algo mais de acordo com a época da putativa datação. E a pontuação é de anedota, não fora triste.
É tudo fraude, da mais reles, irreproduzível e irrepetível…
Quanto à assinatura, um pouquinho mais cuidada, até pode ser que seja - não direi terminantemente que não… Em tal mas pouco provável caso, seria interessante ver o outro lado do postal – esta a única razão para lamentar o sumiço do original – pois apostaria que, no verso (ou de caras), o mais provável seria encontrar o nosso amigo Malhoa bem maduro, numa qualquer foto dos anos 20…
No meio de tanta baixeza, o suporte, o impresso da «Union Postale Universelle» deve ter sido a única coisa verdadeira. E nada mais há a dizer.

Aniquilado o estropício, enterre-se bem fundo, sem lhe rezar pela alma, sem lhe evocar pai ou mãe. E esqueça-se! Esqueça-se tudo! De uma vez por todas.
Eu, por mim, já esqueci.

Mas – e aviso já – se me aparece pelas trombas, mais alguma vez, uma das frasezinhas manhosas - «A riqueza paisagística… etc.», «…a autenticidade desta gente… e tal», «rebéubéu... para o meu pincel», «não sei quê… para me radicar futuramente» - e como não posso puxar da pistola (que não sou Goebbels - cruzes, credo! - nem citar frase trafulha será acto de Cultura), como não poderei cuspir (pois assim me ensinou minha Mãe, e tal patranha não consubstancia propriamente um qualquer mais odiento ministro), restar-me-á gritar a indignação (como a outra, farta das manigâncias do António Silva para coroar a Beatriz Costa raínha das costureiras lá do bairro [5]) e exclamar meio abespinhado: 
- "Ó Ernestina, vamos embora… qu’isto foi tudo uma grande aldravice!" 

«E toca o hino!»   



 21 Jul. 2014. LBG.




[1] Centro Cultural de Figueiró dos Vinhos – instituição, inicialmente com algum trabalho de mérito, que foi a proprietária do «Casulo» de Malhoa desde a sua aquisição pela Câmara Municipal em meados da década de 1980 até há relativamente poucos anos, quando o edifício, algo degradado, foi de novo adquirido e reabilitado pelo Município.

[2] Supostamente um dos outros três semelhantes a este que aqui se mostra. Como é evidente, deverão ter existido quatro – cada um representando uma das faces do novo edifício. Este sobreviveu, sabe-se como e conserva-se em razoável estado; dos outros desconhece-se paradeiro. Fonte credível assegura-nos que até há relativamente pouco tempo um deles estaria dependurado na antiga cozinha do «Casulo»…

Luiz Ernesto Reynaud, arqtº. 
Alçado lateral
Projecto de ampliação do «Casulo», 1898.
Desenho aguarelado, esc. 1:200



[3] Homenagem a José Malhôa (1855-1933): Centro Cultural de Figueiró dos Vinhos: 1995. – um folheto de poucas páginas, também meio desaparecido, felizmente ausente da colecção online da Biblioteca Municipal Simões de Almeida (tio), e que não deixa saudades.
Para além de reproduzir a “maravilha histórica” que hoje se mostra, ali se transcreve, logo na pág. seguinte, um artiguelho do “Almanaque Bertrand” – 1944, onde a única coisa certa deve ser a palavra «Malhôa», tal o chorrilho de inverdades e confusão de acontecimentos descritos em catadupa. Manter a “coisa” ignorada é, assim, uma medida de higiene.

[4] Não sei, nem interessa agora saber, a autoria da fraudezinha de trazer por casa, mas a letrinha tem um não sei quê…

[5] Cena do filme A Canção de Lisboa, 1933, do Arqtº. J. Cottinelli Telmo (1897-1948), que vale sempre a pena ver de novo – aqui, logo aos 2:17.



domingo, 7 de julho de 2013

Ainda sobre a arte da juventude

No artigo anterior, a propósito de uma das exposições agora patentes no Museu e Centro de Artes de Figueiró dos Vinhos, referem-se algumas fotografias e imagens da época. O espaço e a necessidade de mostrar antes do mais as Obras ali expostas, levou a que algumas dessas fotos tenham ficado por revelar.
Para uma melhor compreensão do texto anterior, mostram-se agora todas elas. Repetem-se algumas com novas legendas, e acrescentam-se as outras, as que ficaram no tinteiro. O texto pode sempre ser relido mais abaixo…




















José Malhoa, aqui fotografado cerca de 1874, aos 19 anos.


No verso da foto, dedicatória a M.H.Pinto …no dia em que ia «entregar a primeira carta à manasinha», datada de 2 Out. 1874.
Hoje em dia não sabemos muito bem quem seria esta «manazinha», mas se trata de namoro, talvez já a Juliana Júlia - com quem Malhoa se viria a casar em 29 de Janeiro de 1880.













Manuel Henrique Pinto fotografado provavelmente pela mesma altura, então com 21 anos. 
Note-se a semelhança dos chapelinhos…
























Manuel Henrique Pinto 
José Malhoa, fotografados possivelmente no ano seguinte, c.1875. 
Pinto de pé, Malhoa “pintando”.
O chapelinho do ano anterior lá está, pendurado no cavalete. O lacinho, meio à-Lavallière, também já aparece. E reparemos bem na tela que Malhoa faz que pinta, e na outra, no chão, que aparece por detrás das pernas de Pinto…

Manuel Henrique Pinto 
e José Malhoa
em mais do mesmo. 
Agora em troca de posições – Pinto, sentado, “esboça” algo sobre a tela branca, Malhoa observa.
Pelas indumentárias, poucas dúvidas subsistem que esta foto é contemporânea da anterior.
Também as fotos surgem a par.



























Pormenor da primeira foto: a tela que está no chão por entre as pernas de Pinto. 
Tal tela é a mesma que podemos ver ali


Outro pormenor da primeira foto: a mão de Malhoa sobre a outra tela, a que está no cavalete. A mesma tela que também podemos ver no artigo anterior




















João Rodrigues Viera (1856-1898), José Moura Girão (1840-1916), Veríssimo José Baptista (?), Manuel Henrique Pinto (1853-1912), João Vaz (1859-1931) e, em baixo, José Malhoa (1855-1933). Todos condiscípulos da Academia das Belas Artes. Todos, à excepção do amigo Veríssimo que trocou os pincéis por outra vida, membros do futuro Grupo do Leão. Retratados, mais ou menos ainda pela mesma altura, numa foto, como todas as anteriores, de «J. Loureiro, Fº, Calçada do Duque, 18».

João Rodrigues Vieira, então ainda dedicado à Escultura, é o autor do Retrato de J. Malhoa, 1874, um medalhão em gesso que também ali se mostra.





Requerimento à Academia Real das Bellas Artes, datado de 16 de Março de 1875 – um dia depois de completar 22 anos – onde Manuel Henrique Pinto pede seja passada certidão com o resultado do concurso ao lugar de pensionista do Estado no Estrangeiro.
No canto superior esquerdo, o despacho assinado pelo escultor Francisco de Assis Rodrigues, então Director Geral da Academia - «FAssís, DG.»
A mesma assinatura que atesta, no verso da tela Cabeça de cavalo, 1875, de Malhoa, que tal pintura foi executada como trabalho da Academia…


No verso, a certidão passada e assinada por Joaquim Pedro de Souza, Secretário da Academia.















Foto do verso do Retrato de minha Mãe, 1872, de J. Malhoa.
Como se pode ver, Malhoa usou as costas de uma estampa de geometria para desenhar o retrato de Ana Clemência. Ainda estudante e apenas com 17 anos, o papel era coisa cara e havia que aproveitar tudo…








José Malhoa “pintando” a cabeça do «Salero», c. 1882. Fotografia de Carlos Relvas (1838-1894) executada no seu estúdio da Golegã.
Esta foto, mais ou menos inédita [1], documenta, muito provavelmente, o início da longa relação entre Malhoa e a família Relvas – primeiro com o pai Carlos, depois com o filho José, primeiro na Golegã, depois em Alpiarça…
Aqui vemos um dos primeiros estudos para o retrato do Cavalo «Salero», 1882, mas, pelo que é possível descortinar, talvez ainda não o estudo conhecido, a Cabeça do Cavalo «Salero», 1882, ambos – o retrato do cavalo inteiro e o tal estudo da cabeça – apresentados na 2ª Exposição de Quadros Modernos (Grupo do Leão) e hoje no espólio da Casa dos Patudos. Esta cabeça, que aqui vemos no cavalete, parece ser um estudo ainda preliminar (ou será a mesma, resultado de a esta se ter acrescentado mais uma fatia de tábua?). 
Carlos Relvas registou, nesta bela foto, talvez o primeiro esboço do primeiro trabalho para o qual chamou o ainda jovem Pintor.
Depois do retrato do «Salero», Malhoa irá pintar para os Relvas muita coisa – o próprio Carlos Relvas a cavalo no «Salero», a Mulher de Relvas, a Filha de Relvas, Relvas montado no «Rolito» e o «Rolito» sem Relvas e, ainda, Relvas sentado e sem cavalos - mas isso é depois. 
Como depois repetirá o rol com José Relvas, a Mulher deste e os seus Filhos, substituindo cavalos pelo cão, o «Kaiser»…
Todavia o primeiro trabalho de Malhoa para Carlos Relvas, ainda em 1882, terá sido este - retratar-lhe o seu querido «Salero». Foi de propósito à Golegã e tudo. Quem sabe, chamado, porque Relvas - o pai Carlos - tenha visto uma outra Cabeça de cavalo pintada por um jovem promissor uns anos antes...?

No verso da fotografia, magnificamente impresso com as medalhas e prémios conquistados por Carlos Relvas, a dedicatória de Malhoa  «À Exmª Snrª D. Maria da Conceição Almeida», a tia de Simões d’Almeida que os havia hospedado – a ele e a Pinto – aquando da primeira estada em Figueiró.
Está datada de 31 Agosto 1883, e assinala o início de uma outra história…







7 Jul. 2013. LBG.








[1] Muito semelhante a uma outra, publicada em 1885 em o Occidente, a propósito da 4ª Exposição do Grupo do Leão (1884), numa gravura onde surgem reunidas as fotografias dos nove Artistas expositores desse ano e a de Alberto Oliveira. 
Isto sugere, portanto, que essa outra foto de Malhoa é também da autoria de C. Relvas e anterior, um bom par de anos, à sua publicação pelo Occidente.