quinta-feira, 25 de junho de 2015

Sem franja, mas de laço e gola de guipura:

o retrato de Beatriz Costa pintado por Malhoa (?)
(… e umas tantas fitas)













1. - «Ai! mas o que será o mastoideu?»
(Beatriz Costa em A Canção de Lisboa, 1933)




«… e de um retrato da Beatriz Costa enquanto criança pintado por Malhoa, sabe alguma coisa?» – perguntaram-me assim, de chofre, vai para uns oito anos.
De tal nunca houvera ouvido. E devo ter respondido torto, na linha do «não há bicho careta que não tenha sido modelo do Malhoa; fala-se no homem e aparecem logo meia dúzia deles; surdem mãos cheias de quadros vindos sabe-se lá donde; e mais as Alminhas do Purgatório de que toda a gente fala mas nunca ninguém viu…».
Que não! Que a Beatriz falava disso no Sem Papas na Língua
«Só se for ali A Menina do Laço…» - atirei então, em jeito de chalaça. - «Mas, e o cabelo?» - «Não está à espera que logo de ganapa tivesse a franjinha, ou está?» - «Parece que eram tranças…».

Pela mesma altura procurou-se também e com afinco por alguma fotografia onde Malhoa aparecesse de boina larga, daquelas à pintor parisiense dos desenhos animados. Há-as em cabelo, com chapéu, de feltro, de aba curta e aba larga, de palha, de quico, com boné, turbante e talvez até de fez… mas, de boina, nada!
A coisa ficou por aqui[1]
Foi, contudo e como dizia o outro em Casablanca, «o início de uma bela amizade…».
A primeira edição de
Sem Papas na Língua: memórias, 1975.
A belíssima capa de João Abel Manta.






        São escassas as referências de outros autores [2] à provável existência do tal «retrato feito pelo Malhoa». E, em todas elas, a única fonte é exclusivamente a própria Beatriz Costa que, a propósito ou a despropósito, a isso se referiu em múltiplas ocasiões.
       
Convido-vos a rebobinar o filme, e vamos lá ver a fita...

















2. - «Chapéus há muitos, seu palerma!»
(Vasco Santana em A Canção de Lisboa, 1933)



             Primeiro, como da praxe, uma «sessão de bonecos».



Fotografia datada «2/10/74». Malhoa aos 19 anos e com um chapéu catita.


Pelos finais da década de 1870. Com João Rodrigues Vieira, José Moura Girão, Veríssimo José Batista, Manuel Henrique Pinto e João Vaz; 
Malhoa, em baixo, 
é o único com o chapéu na cabeça.

Em Figueiró, 1898.
Simões d’Almeida Júnior, Henrique Pinto e Malhoa. 
Este de chapéu de palha e «botifarras».
Em Constantinopla, 
de turbante turco e narguilé, 
com Mattoso da Fonseca e outro. 
No verso está datada: 
«Paris 30 Junho 1905» 
e dedicada «a sua querida Julia», 
«offerece Hayder-José-Pachá».
26 Julho 1906, no Sumaré, Rio de Janeiro. 
Já com o «chapelinho que parece um tacho» 
e na companhia de Rodolpho Bernardelli e Gonzaga Duque.
Ainda o famoso "chapelinho". 
E talvez uma das fotos mais conhecidas de Malhoa 
(«1906» ou «1913» ou o que se queira?!). 
Editada em postal ilustrado, desta circularam inúmeros exemplares.
Aqui com um «Chapéu da Rua do Ouvidor», 
à chegada a Lisboa vindo do Rio de Janeiro, 1906. 
Caricatura de Alfredo Candido 
publicada no Brasil-Portugal, 1 Setembro 1906.
Algures em Figueiró(?) nas Lameiras(?) com a afilhada Julieta(?) e mais um cão. 
E ainda o tal "chapelinho". 
Cerca de 1910/12.
Francisco Valença, Varões Assinalados nº47, 
de  1911. 
Malhoa com o “quico” que usava no atelier lisboeta. 
Esta foi uma das obras com que Valença participa na «Exposição dos Humoristas Portugueses» de 1913.
Ainda com o tal “quico” de trabalho, recebendo Cruz Magalhães nas traseiras da casa da Av. 5 de Outubro, por volta de 1913. É por esta altura que Malhoa retrata Magalhães com o “Hermínio” em Os Dois Amigos. E será mais ou menos nesta data que, a ser verdade, pode ter retratado a Beatrizinha…
Esta foto, com um outro enquadramento, foi publicada na Illustração Portugueza, nº380 de 2 Jun. 1913.
E a dita «boina»? Nem vê-la!...

 Malhoa com boné de viajante.
Passe de 2ª classe dos comboios e barcos de Lucerna, na Suíça.
 Junho 1913.
 Amarelhe, 1918. 
Mais uma boa caricatura de Malhoa. 
Com o seu “quico” de trabalho. 
Malhoa pintando na Fontinha, em Figueiró dos Vinhos. 
Cerca de 1918 e 1920. 
Agora de polainas e chapéu de feltro e aba larga…


Com Maria de Lourdes Mello e Castro, já entrados os anos 1920, de cigarrito aceso nos lábios.





Na Sr.ª dos Remédios, Peniche, 11 Setembro 1928. 
No primeiro plano A. Montez. 
Depois do almoço na Foz do Arelho, por ocasião da homenagem feita nas Caldas da Rainha, numa paragem para ver as vistas «diante do mar das Berlengas» - do lado de cá, bem entendido. Porque «nas Berlengas» já será paradoxo espácio-temporal: nem lá esteve, nem tempo houve para lá ter estado.

 Francisco Valença, 1928. 
Caricatura publicada no Sempre Fixe, 14 Junho 1928. 
O Sol queixa-se de brilhar pouco, porque Malhoa lhe tem «tirado cada bocado!...»
Depois de um longo amuo - «amuadíssimos» - a relação com Artur Ernesto de Santa Cruz Magalhães (1864-1928) ter-se-á reatado pelos anos da preparação da Grande Homenagem a Malhoa. 
Aqui, ainda com caras de poucos amigos, o Pintor, Mª Lourdes Mello e Castro, Julieta Ferrão e Magalhães, c.1926/8. 
No jardim  do «Casulo», em 1933, pouco antes da sua morte, com Maria Elisa Lisboa e Eurico Lisboa.
O "chapelão" de aba larga e copa alta que usou nos últimos anos de vida.


Fez ou «tarbush» otomano (?) que foi de Malhoa.
(Museu José Malhoa, Caldas da Rainha) 

























3. - «…Até ao dia em que apareceu, 
    essa traidora de franja…»
(Vasco Santana, canta o Fado do Estudante e desenha-lhe o retrato, 
em A Canção de Lisboa,1933)


Beatriz Costa deixou-nos várias páginas onde aborda a estória que agora aqui nos traz. Desde logo nas Páginas das minhas Memórias, 1932 [3], debitadas com ela ainda fresca, aos 24 anos, e em vida de Malhoa acrescente-se; depois já com maior “liberdade literária”, aos 67 anos, em Sem Papas na Língua, 1975 [4]; e ainda nesse mesmo ano, numa memorável entrevista a Assis Pacheco [5].


Nasceu Beatriz da Conceição, «na obscura Charneca, freguesia do Milharado, concelho de Mafra (...) Julga-me erradamente da Malveira, que fica perto (...) Foi a 14 de Dezembro de 1907. Não hesito um instante em proclamar a data histórica». «Um desacordo doméstico na Charneca (tinha eu quatro anos) trouxe minha mãe para Lisboa e eu vim com ela» - em 1912 portanto - «Até que a mãezinha constituiu novo lar, foi uma existência tormentosa...» (Beatriz 1932).

A ida para casa de Malhoa e a estória do retrato. «Lá estava o anúncio: “Costureira a dias precisa-se. Dez escudos diários e comida.”» - manifesto exagero, que 10 escudos por dia, na altura, seria coisa impensável [6] - «…eu fui considerada indesejável pela futura patroa (...) A minha alimentação eram os restos de comida que a patroa deixava juntar para mim, dizendo com muito “espírito”: “Em vez de deitar no lixo, leve isto prá gatinha!”» - a habitual misoginia de Beatriz, o melhor mesmo é não ligar - «…Os meses que se seguiram foram amolecendo o coração da patroa, que tinha recusado a minha permanência na sala de costura. Num dia em que provavelmente o marido tinha sido “amável” e acordara bem disposta permitiu que eu lá fosse passar a tarde...» - assinalemos a importância do débito conjugal de Malhoa como catalisador da trama e da acção - «…Numa distracção dos adultos, agarrei numa tesoura maior do que a minha mão e retalhei um metro de cetim francês (…) Quase fui linchada!...Valeu-me um velhote de boina basca e bata branca (...) arranc[ou]-me das mãos maternas que malhavam “nisto” (…) pegou na minha mão e acariciou-me o rosto. “Pareces uma Gioconda pequenina... Quem te deu esses olhos? Vem comigo” E deu-me um vintém de cobre! (…) Levou-me para uma sala grande com janelas largas. Sentou-me num banco alto (...) e pediu-me que ficasse quietinha, porque ia fazer o meu retrato. (…) Aquele velho bonito e meigo, que eu “odiava” porque me prendia tardes inteiras (...) era o dono da casa. (...) Para mim, era o Sr. José, mas nos desenhos que fazia ele acrescentava: Malhoa!» (Beatriz 1975).

O mesmo, mais comedido, contado quarenta
anos antes. «Por esse tempo, minha mãe trabalhou em casa de um dos maiores artistas da nossa terra (...) Malhoa, com uma paciência de santo, pintou-me o retrato, como só ele o sabe fazer.» (Beatriz 1932).

De novo mais tarde, e com uma descrição do retrato. «Eu pensava muito no Sr. José (…) Foi a primeira pessoa que me tratou com humanidade. José Malhoa! Dava tudo para ter aquele desenho em que eu estava de tranças e com uma gola de guipura. Sorriso desconfiado, olhar de esguelha e uma certa malícia infantil, que o grande mestre adorava em mim como seu pequeno modelo. [7]» (Beatriz 1975).















4. - «Paizinho, vou fazer isto contrariada.»
    - «Uma bolachada na cara, vai?»
(Beatriz Costa e António Silva em A Canção de Lisboa,1933)


Mudar de vida e padrasto novo. «Rebentou a Grande Guerra e resolveu-se que Portugal interviesse nela. Minha mãe passou a costurar no Casão e a vida tornou-se-nos mais segura e desafogada. E fez-se a segunda união. Meu padrasto pertencia ao 15 de Tomar (...) para onde fomos viver, [ali] me decorreu a despreocupada meninice.» (Beatriz 1932). Nem uma palavra sobre Figueiró, note-se.
Aldina da Conceição, a mãe, 
e o padrasto Manuel Jorge, do Casal de S. Simão, 
na sua farda de Sargento de Infantaria.


Ou em versões “ligeiramente” diferentes. «A família Malhoa passava grandes temporadas em Figueiró dos Vinhos (...) para onde me “tocaram” pouco tempo depois. (...) De Figueiró surgiu o homem que seria o meu primeiro padrasto. [8] (...) Era militar e fazia serviço em Tomar (...) Foi lá [em Tomar] que se realizou o casamento.» (Beatriz 1975).

«Eu fui criada em Tomar dos cinco aos doze anos, que ele era militar e era do 15 de Tomar. Isto tudo deu uma complicação muito grande, porque fui para lá por intermédio do Malhoa, que… Fui modelo do Malhoa... Tudo isso eu conto no meu livro, é muito complicado.» (Entrevista 1975).

De Tomar é esta primeira foto de Beatriz: «A primeira fotografia conhecida, aos 12 anos. Fotografia Luz e Arte, Enes e Cia., Tomar. Pouco tempo antes, o pintor José Malhoa chamara-lhe “minha Gioconda pequenina”.» [9]


Beatriz acaba de nos contar episódios da sua infância, relativos a um curto período atribulado entre a separação dos pais, a vinda para Lisboa e a nova união da mãe, com a consequente retoma de alguma estabilidade na cidade dos Templários. É um período necessariamente de memória difusa, que se pode calcular entre os quatro e os seis anos de idade, de 1912 a 1914 portanto [10]e obviamente de relativa pouca importância numa vida longa, intensa e recheada de outras memórias bem mais interessantes e que ocupam, essas sim, o grosso dos seus textos.


 Quanto a factos e ao retrato, fica-se sem saber se Malhoa «pintou» (1932) ou fez um «desenho» (1975), embora seja de relevar a falta de precisão técnica e considerar qualquer das formas, na linguagem corrente utilizada, como designativa do mesmo… ou do seu contrário. Contudo, a crer que a «prendia tardes inteiras», é bem possível que se tratasse de um óleo. E podemos, com bastante certeza, datar a coisa pelos anos de 1912/13, correspondendo aos 4 ou 5 anos de idade da modelo.
Já as «tranças» e mesmo «a gola de guipura» - santa paciência! - serão talvez tão factuais como os «dez escudos diários» ou a «boina basca e bata branca» do Malhoa... Deixemo-las como figuras de estilo da palpitante prosa da nossa querida Beatrizinha.






5. - «A prova? Faz-se já aqui ao lado!»
 (António Silva em A Canção de Lisboa,1933)


A Menina do Laço é um quadro de Malhoa, um óleo sobre tela com 43x36 cm, assinado mas não datado. Malhoa regista aqui, sobre uma mancha impressiva de chagas alaranjadas, o retrato de uma menininha de olhar fixo, talvez assustado, maçãs rosadas sobre tez macilenta, boca carnuda, vestida de branco (com a tal «gola de guipura»?) e com laço da mesma cor sobre os ligeiros caracóis quase aloirados, ainda infantis.

    É um quadro curioso e pouco conhecido. Que se saiba nunca exposto em vida do pintor, depois, salvo erro, somente uma ou duas vezes em pequenas mostras de província, e só há pouco reproduzido em livro [11]. Oferta de Malhoa a nova afilhada, muito provavelmente pelo seu casamento em 1920, terá por isso escapado à voragem subsequente à morte do pintor.

Aparentemente por acabar - são notórios pequenos pedaços de tela branca sob as pinceladas largas da folhagem; como largos e ténues são os brancos do vestido que nos dão, em impressão, a quase transparência das rendas e do tecido; em contraste, a face é mais trabalhada e estranham-se os cinzas das carnes (resultado da «comida prá gatinha»?) – está contudo assinado, talvez como sinal de que ali não haveria mais nada a fazer.






             Não datado, parece ser da primeira metade da década de dez. É um período em que o pintor realiza algumas experiências para além do Naturalismo [12] - desde logo com a segunda versão de Basta meu Pai!, 1910 [13], com uma outra expressão que a da versão inicial que levara ao Salon de 1908; passando pelo Retrato de minha Mulher, 1914 [14], onde o perfil de Júlia Malhoa se recorta sobre uma outra impressiva mancha de hortenses (ou serão campaínhas?); acabando, já mais tarde, nas cerejeiras da Quinta da Fontinha pontilhadas pelas multicoloridas folhas de final de estação no Outono, 1918 [15]. Pelo meio outras experiências menos marcantes terá realizado, como Descanso do Modelo, c.1913 – expressivo no recorte das costas da mulher, impressivo em mais uma mancha colorida de flores - tábua não assinada nem datada, mas pintada como é fácil de ver no atelier da 5 de Outubro, e que uns pequenos desenhos de nu, os últimos datados de «20-III-1913», com a que parece ser o mesmo modelo [16], apontam para uma data próxima.          
Deste modo, arriscar considerar A Menina do Laço produto da leva de fundos floridos menos convencionais de cerca de 1913, não é arrojo de maior.

            A menina não se sabe quem seja. Não será, pelo ar e pelo vestir, mais uma das muitas cachopas de Figueiró amiúde ali pintadas; nem, por outro lado, alguma das muitas burguesinhas que com a melhor farpela lhe «fez bicha à porta do atelier» para o retrato. Da família ou da gente mais chegada parece também não ser. Aparenta ser citadina e o quadro será lisboeta.

É a filha da costureira? É a Beatrizinha da Conceição da Charneca do Milharado, pelos seus cinco anitos, sem franja nem tranças, mas de laço e gola de guipura?
Talvez nunca o saibamos com absoluta certeza… Mas é muito bem capaz disso!

E aquela foto de Beatriz já adolescente pouco ou nada ajuda - com muito boa vontade, influenciados talvez pelo desejo, poderemos descortinar parecenças aqui ou ali. Como noutras tantas fotos, em que a ausência da franja e da imagem costumeira nos possibilitam outras leituras…
Mas isso, como quase tudo, é conforme queiramos. 














6. - «Tenho uma gaiata aqui dependurada,
que tem mesmo a “lata” lá da namorada!»
 (Vasco Santana em A Canção de Lisboa,1933)


Chegados aqui, calculo que fãs mais apaixonada(o)s por Beatriz Costa se encontrem algo desapontada(o)s – «afinal? nem uma franja! nem uma só vez a diva tal como a temos na nossa memória!?»
Pois vamos já tratar disso:



E aqui já em baixo, de um outro Mestre, este da ilustração e da banda desenhada, Fernando Bento (1910-1996), uma excelente e praticamente desconhecida Caricatura, 1937, de Beatriz. Com franja - pois claro! - mas também de laço, por causa das coisas…


A estes propósitos, apetece citar um outro clássico da nossa cinematografia - «’tou c’a fé na brazileira!...» [17]



É o que se pôde arranjar. Fazei pois o obséquio!














- «E cá estarei para os ver, p’rós aturar e ouvir,
p’rós retalhar e coser, sempre a sorrir!»
 (adaptando Vasco Santana em A Canção de Lisboa,1933)



Créditos Finais

Investigação e texto desenvolvidos entre Out. 2010 e Jun.2015, 
pois «depressa e bem... não há quem».

Toda esta história, contada nuns belos painéis elaborados 
por Teresa Trancoso, o quadro de Malhoa «A Menina do Laço» [Retrato de Beatriz Costa (?)], c.1913, a Caricatura, 1937, de F. Bento, e uma carta autógrafa do punho de Beatriz, 1937, podem ser vistos até aos finais de Outubro no Museu e Centro de Artes de Figueiró dos Vinhos.

Ali também se podem ver, entre outras importantes obras, os quadros aqui referidos Retrato de minha Mulher, 1914, e Outono, 1918.

  Os fotogramas e subtítulos são, obviamente, do filme 
A Canção de Lisboa, 1933, de Cottinelli Telmo.

As fotos são de arquivo particular, algures da internet,
 ou de publicações citadas.
















« FIM »



Junho, 2015. LBG.



[1] Ver: Leandro, Sandra, 2008, «Luz sobre Luz: José Malhoa (1855-1933)», in José Malhoa. Milano, Lisboa, Franco Maria Ricci, Arting Editores, p.113.
[2] Ver: Rosa, Vasco Medeiros, 2003, Fotobiografia de Beatriz Costa: Avenida da Liberdade. Lisboa, MediaLivros, p.49, 77 e 79.
[3] Beatriz Costa, 1932, in «Páginas das minhas Memórias», ao jeito de entrevista e publicadas na revista Cinéfilo, de Maio a Novembro de 1932, apud Rosa, Vasco Medeiros, 2003, op. cit., p.73 e seg.
[4] Costa, Beatriz, 1975, Sem Papas na Língua: Memórias. Lisboa, Publicações Europa-América. (Consultada a edição ilustrada e anotada por Vasco Rosa. Lisboa, Tugaland, 2007.)
[5] Fernando Assis Pacheco, 1975, entrevista «Beatriz Costa escritora de memórias: A embaixatriz dos saloios», in Diário de Lisboa, de 15 Dezembro 1975.
[6] Atente-se na tabela de preços do Chantecler nesse ano de 1912, tal como nos é dada por M. Félix Ribeiro, in Os Mais Antigos Cinemas de Lisboa, 1896-1939. Lisboa, IPC - Cinemateca Nacional, 1978: «Fauteuils - $21 (210 reis); Cadeiras - $31 [sic - deve ler-se $13] (130 reis), Geral e Promenoir - $09 (90 reis)». E faça-se a conta a quantas vezes os tais 10$00 diários dariam para a pobre costureira sentar as nádegas no cinema!?
[7] Registe-se, a este propósito, a nota de Vasco Rosa na edição já referida (2007) de Sem Papas na Língua: Memórias, p.247: «Não foi possível identificar em publicações e no espólio do pintor José Malhoa (1855-1933) qualquer desenho com semelhança verossímil de um retrato de Beatriz Costa enquanto criança». Pelas razões agora evidentes – acrescento eu.
[8] Manuel Leal Júnior (1891-1977) in A Nossa Terra: A Nossa Família. Vila Nova de Poiares, 2ª ed. do autor, 1976, p.13, diz: «A actriz Beatriz Costa no seu livro “Sem papas na Língua”, fala a páginas 17 do seu primeiro Padrasto, cujo nome ela omite, que ela diz ser homem bom e lhe abriu caminho para o teatro. Inquiri que o homem se chamou Manuel Jorge, 1º sargento de inf.ª 15, em Tomar. A mãe desse sargento era a Maria “Redonda”.» Pelo texto e pelo capítulo depreende-se que Manuel Jorge era natural do Casal de S. Simão, freguesia da Aguda, Figº dos Vinhos.
[9] Rosa, Vasco Medeiros, 2003, op. cit., p.49.
[10] Em 1914 estará seguramente já em Tomar. Embora diga a Assis Pacheco que já lá estaria antes...
[11] José Malhoa. Milano, Lisboa, Franco Maria Ricci, Arting Editores, 2008, p. 203.
[12] Na década anterior, recorde-se, havia-se divertido com outros desvios – chamemos-lhes Rembrhallistas-vellasquistas – patentes numa série de retratos dos amigos mais íntimos: A. Novais, M. Henrique Pinto, A. Lobo da Silveira ou Veríssimo J. B., todos de inegável qualidade e que leva mesmo aos salões internacionais.
[13] Colecção Millennium BCP.
[14] Museu do Chiado, MNAC.
[15] Museu do Chiado, MNAC. Ambos, este e o anterior, podem ser apreciados agora na exposição do Museu e Centro de Artes de Figueiró dos Vinhos.
[16] Que é ainda, sem grandes dúvidas, o mesmo modelo de A Provocante, c.1913. Quadro adquirido por Cruz Magalhães, colecção MNAC, hoje no Museu Abade de Baçal.
[17] Francisco Ribeiro (Ribeirinho) em O Pátio das Cantigas, 1942.