de A
procissão a Basta, meu pai!
Ao jeito de amuse-bouche,
como agora se diz, só para abrir o palato ao que ainda há-de vir…
Recordando o
«Grande almoço de confraternização e de homenagem ao pintor José Malhôa»
realizado «no Restaurant Leão d’Ouro em 17 de Junho de 1928». Eis o menu,
com capa de Julião Machado (1863-1930): duas páginas interiores,
uma com a designação do acontecimento [o atrás transcrito], outra com a «Lista» [à
portuguesa] dos comes e bebes, e a conta-capa onde se fica a conhecer a
tipografia «Imp. Libanio da Silva – Lisboa».
Na capa,
Julião Machado redesenhou o Camões [o de Malhoa para o Museu de Artilharia (1907)], mão
esquerda ainda no pomo do espadim, a direita já erguida, não segura o gorro
emplumado, saúda Malhoa empunhando uma taça de champagne [«vinho espumoso» de acordo
com a portuguesíssima «Lista»].
A legenda confidencia-nos o brinde do vate. «Luiz de Camões: - A José Malhôa, o épico da luz e da côr de Portugal!»
A «Lista» do
almoço é igualmente bem disposta. Títulos de conhecidos quadros de Malhoa
ilustram cada parte do repasto [espero que consigam ler…].
Por fim, um instantâneo
do acontecimento.
A sala do
«Leão d’Ouro» [a inaugurada em 1885, evidentemente]. Ao fundo, à direita, lá
estará o quadro do Columbano «O grupo do Leão» [os reflexos não deixam ver, mas
é]. E, para cá do arco, a “Paisagem com ribeiro” do Ribeiro Cristino.
No relógio bate quase a uma e meia. Os convivas acabados de sentar, as garrafas de Colares
velho perfiladas, já abertas, ainda intocadas, os criados de mesa igualmente perfilados. Tudo a postos para o início da função.
De oculinhos
redondos e a olhar para nós, reconhece-se imediatamente Agostinho Fernandes.
Malhoa
deverá ser o quinto mais além [quase só lhe vemos a cabeça, já com ralos cabelos, adivinhamos o resto]. Para cá dele, de barbas, talvez António Lobo da
Silveira…
E chapéus,
muitos chapéus!
[Os palhinhas,
então, são imensos! iguais àquele de «À beira-mar» que, segundo ouvi dizer, já deviam estar fora de moda há um ror de
anos…]
Esta é uma fotografia
que circula por aí com frequência. Já a vi dita como de «1935»!?
[E, se calhar, é mesmo, se nem vemos o Malhoa!? Lá está o gajo a aldrabar-nos... - dirão vozes que não chegam aos céus.]
[E, se calhar, é mesmo, se nem vemos o Malhoa!? Lá está o gajo a aldrabar-nos... - dirão vozes que não chegam aos céus.]
Pois, olhem
bem para as garrafas de Colares. As duas junto à cara do Fernandes. Vêem
ali o nosso Camões, taça erguida, a saudar os convivas?!
Ou aqui,
logo no primeiro plano, sobre os pratos destes comensais: lá está o vate
desenhado pelo Julião Machado!
Assim é. Aqui tudo é certinho. E, se querem chatear, aproveitem... o Camões.
Saúde! e bom
Almoço.
16 Mai.2020. LBG.
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