sábado, 16 de maio de 2020

Um almoço no «Leão d’Ouro»

de A procissãoBasta, meu pai!

Ao jeito de amuse-bouche, como agora se diz, só para abrir o palato ao que ainda há-de vir…

Recordando o «Grande almoço de confraternização e de homenagem ao pintor José Malhôa» realizado «no Restaurant Leão d’Ouro em 17 de Junho de 1928». Eis o menu, com capa de Julião Machado (1863-1930): duas páginas interiores, uma com a designação do acontecimento [o atrás transcrito], outra com a «Lista» [à portuguesa] dos comes e bebes, e a conta-capa onde se fica a conhecer a tipografia «Imp. Libanio da Silva – Lisboa».



Na capa, Julião Machado redesenhou o Camões [o de Malhoa para o Museu de Artilharia (1907)], mão esquerda ainda no pomo do espadim, a direita já erguida, não segura o gorro emplumado, saúda Malhoa empunhando uma taça de champagne [«vinho espumoso» de acordo com a portuguesíssima «Lista»].
A legenda confidencia-nos o brinde do vate. «Luiz de Camões: - A José Malhôa, o épico da luz e da côr de Portugal!»


A «Lista» do almoço é igualmente bem disposta. Títulos de conhecidos quadros de Malhoa ilustram cada parte do repasto [espero que consigam ler…].


Por fim, um instantâneo do acontecimento.
A sala do «Leão d’Ouro» [a inaugurada em 1885, evidentemente]. Ao fundo, à direita, lá estará o quadro do Columbano «O grupo do Leão» [os reflexos não deixam ver, mas é]. E, para cá do arco, a “Paisagem com ribeiro” do Ribeiro Cristino.
No relógio bate quase a uma e meia. Os convivas acabados de sentar, as garrafas de Colares velho perfiladas, já abertas, ainda intocadas, os criados de mesa igualmente perfilados. Tudo a postos para o início da  função.
De oculinhos redondos e a olhar para nós, reconhece-se imediatamente Agostinho Fernandes.
Malhoa deverá ser o quinto mais além [quase só lhe vemos a cabeça, já com ralos cabelos, adivinhamos o resto]. Para cá dele, de barbas, talvez António Lobo da Silveira…
E chapéus, muitos chapéus!
[Os palhinhas, então, são imensos! iguais àquele de «À beira-mar» que, segundo ouvi dizer, já deviam estar fora de moda há um ror de anos…]


Esta é uma fotografia que circula por aí com frequência. Já a vi dita como de «1935»!? 
[E, se calhar, é mesmo, se nem vemos o Malhoa!? Lá está o gajo a aldrabar-nos... - dirão vozes que não chegam aos céus.]
Pois, olhem bem para as garrafas de Colares. As duas junto à cara do Fernandes. Vêem ali o nosso Camões, taça erguida, a saudar os convivas?!






Ou aqui, logo no primeiro plano, sobre os pratos destes comensais: lá está o vate desenhado pelo Julião Machado!





Assim é. Aqui tudo é certinho. E, se querem chatear, aproveitem... o Camões.

Saúde! e bom Almoço.

16 Mai.2020. LBG.

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