Acabo de fazer para cima de quatrocentos
quilómetros. Por razões de consciência. E para o ver.
Vi-o. Soberbo. E a soberba dele. Um dos
grandes retratos que Malhoa pintou. Sem dúvida alguma.
Conversámos. A princípio a medo – sempre é um
antepassado e não o via vai para meio século – e o respeitinho é de bom tom.
Depois, tu cá tu lá, que pela escrita conhecemo-nos de ginjeira.
J.Malhoa.
Cabeça d’estudo [retrato de M.H.Pinto],
1902.
a. d. | óleo s/ madeira | 44x37 | c.p.
3ª Exposição da SNBA, 1903. nºcat. 99.
Foto: Pedro Aboim Borges
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Mirei-o, virei-o do avesso. Como desconfiava,
é uma tábua. E das boas. Daquelas com rebaixo e tudo para não mais empenarem,
com um grande carimbo do «Paul Denis, Succ.r». Parece nova, importada de França
há cento e dez anos. A moldura, mais afanada, ainda tem o selo do Manuel João,
o dourador…
Contei-lhe a estória do «Sr.P-da-não-sei-quantas».
Sem desmanchar a pose arrogante, piscou-me o olho, encolheu os ombros e
terá murmurado – Deixá-lo…
Lá o deixei. E com a certeza que daquela coisa safa-se a foto. Por isso, aqui fica de novo.
Ah! E manda beijinhos!
6 Dez. 2012. LBG.
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