pelos
vint’oito d’Abril
Entre duas datas assinaláveis, o 25
de Abril, para nos lembrar a conquista da Liberdade [entre muitas outras, a
de eu poder estar aqui a escrever o que me dá na gana e a do meu caro leitor,
desse lado, o poder querer, ou não, ler, e ambos descansados, conforme nossa vontade, sem
ninguém [1] ter nada a ver com isso]; e o 1º de Maio que nos recorda a
luta dos operários de Chicago, em 1886, pela justa jornada das oito horas de
trabalho [este, como todos os direitos das classes trabalhadoras – dia de
descanso semanal obrigatório, férias pagas, apoio no desemprego, na doença, na
reforma, e por aí fora… e que hoje podem parecer coisa de somenos - custaram
muitos anos, muito sangue, muito suor, bastantes lágrimas a conquistar, e vai outro
tanto para os ir mantendo…]. Assuntos sérios, e que dispensam palermices
mais recentes.
Precisamente entre aquelas duas datas,
dizia, assinala o calendário o dia do nascimento de Malhoa. Baptizado
«Jose, que nasceo a vinte oito de Abril proximo pafsado [1855]». Faz 165
anos, portanto.
[Há ainda o
30 d’Abril, mas agora não interessa nada]
Ora, para assinalarmos a passagem do
aniversário de Malhoa, nada melhor que um presentinho. Um inédito, ou quase… [que,
vivos, não haverá uma dúzia que o hajam visto]: a caricatura de Malhoa feita
por Francisco Valença (1882-1963) para «Varões Assinalados». Mas o original – traçado
e colorido à mão pelo artista, assinado pelo autor e, bem mais tarde, em
Jan.1925, por este ofertado e dedicado ao caricaturado.
Sobre Francisco Valença, um dos
grandes caricaturistas do dealbar de novecentos, nascido em Lisboa a 2
Dez.1882, mais do que eu possa dizer, antes esta Nota Breve [que pode e deve ler aqui] escrita, e bem, por outra mão.
Só, a acrescentar, a participação regular
de Valença nos Salões da SNBA, na secção de «Caricatura», entre 1902 e 1910 (menção
honrosa em 1903, 3ª medalha em 1904, 2ª em 1906, e 1ª
medalha em 1909). No último ano desta sua regular presença, na 8ª.SNBA
(1910), Valença apresenta, entre algumas mais, as primeiras seis caricaturas de
«Varões Assinalados».
Depois disso
só o voltaremos a encontrar na 21ª.SNBA (1924), quando se anuncia, ufano, já galardoado
com o «Grand-prix» obtido na Exposição Internacional do Rio de
Janeiro, a de 1922, onde expusera com grande êxito o conjunto completo das
caricaturas de «Varões Assinalados».
Paralelamente às suas participações
nas exposições da SNBA, F.Valença edita, ainda em 1902, um primeiro e único exemplar
de «Salão Cómico», álbum de caricaturas das obras expostas no Salão das Belas
Artes.
[Na linha, aliás, do que vinham fazendo Raphael Bordallo Pinheiro e o seu filho Manuel Gustavo nos sucessivos jornais por estes editados - O António Maria, Pontos nos ii, A Paródia - desde as exposições do Grupo do Leão, passando pelas do Grémio Artístico e, mesmo no ano anterior, em secções com título precisamente idêntico, «Salão Comico», publicadas em vários números d’A Paródia, e já sobre a exposição inaugural da nova SNBA.]
[Na linha, aliás, do que vinham fazendo Raphael Bordallo Pinheiro e o seu filho Manuel Gustavo nos sucessivos jornais por estes editados - O António Maria, Pontos nos ii, A Paródia - desde as exposições do Grupo do Leão, passando pelas do Grémio Artístico e, mesmo no ano anterior, em secções com título precisamente idêntico, «Salão Comico», publicadas em vários números d’A Paródia, e já sobre a exposição inaugural da nova SNBA.]
A charge de Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro ao quadro de Malhoa, «Cebolas», apresentado na 1ª.SNBA, in A Paródia, 12 Jun.1901, p.187. [2] |
Este
projecto de Valença será retomado. Primeiro avulso, uma ou duas páginas em
publicações onde colabora. Em «A Sátira», por exemplo, em Jun.1911 a propósito
da 9ª.SNBA, e já em parceria com o escritor Carlos Simões, ensaia em sete
páginas da revista o que virão a ser os Catálogos Cómicos - chama-lhe então
«O monoculo d’A Satira na Exposição Nacional de Bellas-Artes».
Charge ao quadro de Girão, «Viva a República!», um dos caricaturados por Valença in A Sátira, 1 Jun.1911, p.22. |
Depois, a
partir de 1914 (11ª.SNBA) já com o novo título, «Catalogo Comico», Valença edita
pequenos cadernos que são aquilo que o próprio nome indica. Abrem com um texto crítico-satírico
sobre a exposição assinado por Simões, e apresentam uma série de caricaturas
legendadas sobre algumas das obras expostas e desenhadas por Valença. Estes catálogos
alternativos aos catálogos oficiais da SNBA serão publicados em, pelo
menos, seis edições sucessivas até 1919 (16ª.SNBA); haverá uma sétima da qual
ignoro data, e uma oitava aquando da 21ª.SNBA, a tal de 1924.
«Acendendo o cigarro», óleo de Malhoa caricaturado por Valença, in Catálogo Cómico, 1915. |
Como Valença “viu” o quadro «Maré baixa (Praia das Maçãs)» de Malhoa, in Catálogo Cómico, 1919. [3] |
«Varões Assinalados» foi, como já se percebeu, a obra marcante no reconhecimento público de Valença.
Editado em
fascículos «bi-mensais», anunciava-se como «o mais luxuoso e artístico
jornal de caricaturas que se tem publicado no país», vendido ao preço avulso
de 60 réis cada fascículo (preço que manterá até final) mas podendo ser
assinado por 12 números (com o mesmo valor proporcional) e, em termos de
mercado, antecipava desde logo a sua futura cotação: «A collecção (…) valerá
dentro de cinco anos dez vezes mais do que o seu preço de custo».
Cada fascículo era vendido com uma sobrecapa em papel de baixa gramagem e cor variável onde, para além do cabeçalho, o frontispício e restantes páginas eram aproveitadas para publicidade comercial ou promoção da edição. Lá dentro um par de folhas soltas, bom papel e cuidada impressão: uma com a caricatura feita por Valença em policromia, a outra com a biografia, mais ou menos ironizada ou satirizada, do caricaturado. Para isto Valença rodear-se-á do melhor que então havia na escrita e na crónica nacional.
A bem da verdade,
a receita não era nova. Tal como na estória dos «Salão Cómico» e «Catálogo
Cómico», Valença foi ao menu do Mestre Raphael Bordallo e, qual Chef
da moda, um ou outro ingrediente mais, tratou de aggiornare o caldo.
E bem, acrescente-se.
Se o «Álbum
das Glórias» dera três dúzias de fascículos entre Mar.1880 e Jan.1883, e fora apenas
acrescentado, com o Hintze, o Zé Luciano e o Bulhão Pato, já em 1902; havia
agora que tender umas boas quatro dúzias! Se antes escreveram o Ortigão, o
Azevedo (morreu cedo, coitado!) e mais uns outros; era a vez de juntar o
Gomes Leal, o Chagas, o Brun, o Eugénio Vieira, o Acácio de Paiva e tantos mais,
uns feitos, outros a fazerem-se, mas todos de boa colheita! Se a impressão e a
cor haviam sido conforme podia então ser; era altura de aproveitar toda uma nova tecnologia, aprimorar no tempêro e apresentação!
A publicação de «Varões Assinalados»
começa em Set.1909, ainda em período monárquico, já depois do regicídio.
E começa
logo com a caricatura de Miguel Bombarda: «Doutor para Rilhafolles [o
hospital psiquiátrico que depois levaria o seu nome], Bombarda para a
reacção» - reza a legenda. O médico e activista republicano é desenhado a “tratar
da saúde” a uma jesuítica figura e aos macróbios que a “infectam”.
O texto é de André Brun. A coisa começava logo assim, portanto!
Seguir-se-iam
António José d’Almeida e um variado conjunto de personalidades da vida política,
cultural e social de então, na sua esmagadora maioria de cariz empenhadamente republicano
[a lista pode ser consultada a seguir].
Com o 5 de Outubro e a implantação da República, em Nov.1910, surge a única caricatura que reúne três personagens: Machado dos Santos, António Maria da Silva e Luz d’Almeida: «Tres varões assinaládos» - proclamava a legenda sobre os três «primos» «rachadores», os chefes da Carbonária recém vitoriosa. Para que também não restassem dúvidas!
Pela mesma
data, Hermes da Fonseca, então eleito presidente da República do Brasil e que,
de passagem por Portugal, assistira ao fim da Monarquia, era também assinalada figura.
Malhoa será o penúltimo da lista. A
sua caricatura é editada num último e quádruplo fascículo que reúne as últimas
quatro caricaturas e respectivas notas biográficas, e cuja sobrecapa indica a
data de Ago.1911.
Contudo, o
texto referente ao nº45, Augusto de Vasconcellos, está datado de «7-11-912»; o
sequente, sobre Duarte Leite, tem a data «11-912»; o de Malhoa regista «20-11-1912»;
já o último, referente a Antº Ribeiro Seabra, não tem data alguma. Ora isto
deverá querer dizer que a data da capa, e as das caricaturas, não
corresponderão exactamente à verdade; e, muito provavelmente, este último múltiplo
fascículo deve ter saído atrasado mais de um ano… [Nem que fosse para, até nisto,
imitar o atraso final do «Album das Glórias» - diríamos com ironia].
Assim, a
crer nas datas apostas àqueles três textos, dever-se-á dizer que a publicação
de «Varões Assinalados» se desenrola entre 1909 e 1912, e não «1909-1911» como
usualmente se afirma.
[Na «Casa
Comum», Fundação Mário Soares, encontram-se quase todos os fascículos
tal como foram vendidos. Se os quiser espreitar, pode aceder aqui.]
Chegamos então ao Malhoa varão
assinalado.
Quer na
caricatura, quer no texto biográfico, sátira não há. Alguma ironia, um ou outro
trocadilho nas palavras, tímidos sorrisos provocam, não arrancam gargalhada. Que
o respeitinho é muito bonito!
E,
percebe-se bem, foi o respeito e admiração que Valença nutria por Malhoa a
razão principal de o incluir nesta restrita galeria de notáveis da época. Por
muito que, ainda hoje, tal possa contradizer outras narrativas.
Malhoa foi
caricaturado sem qualquer exagero de traço ou toque mais mordaz. Aquilo é quase
um retrato - dir-se-á. Normalmente sentado como se a nós retratasse, na cabeça
o quico que então usava no atelier, a característica e farfalhuda lavallière
de seda negra, os pincéis e a paleta. E só aqui, nos pincéis e na paleta, encontramos
alguma coisa do seu universo iconográfico, alguns dos personagens e objectos
das suas obras. Mas sem a mínima ou caricatural deformação, antes reproduzidos
fiel e reverencialmente, como receio houvesse em beliscar obra de Mestre.
Ali revemos
o bêbado cambaleante mais o chapéu de sol perdido n’«A volta da romaria», 1901
[ou, quem sabe?, pela cor e estampado, aquele que o António Carlos segura na «Cabeça
de velho», 1903 (a da Casa dos Patudos)]; o rapazito que apanha as canas
de foguete n’«A procissão», 1903; a bilha de barro da prova d’«O azeite novo»,
1904 [e não, definitivamente não é qualquer dos canjirões d’«Os bêbados»!]. E
cores, muitas cores! E só nas escorrências das cores, uma pontinha de desordem,
a que seria habitual em qualquer caricatura, se vislumbra.
O texto é assinado por
Carlos Simões, como vimos o colaborador mais assíduo de Valença por estes
anos, e o que mais textos produziu nesta assinalável empreitada.
Para lá dos
trocadilhos e graçolas do tipo «queria? já não quer?», nada traz de novo à habitual conversa mais ou menos biográfica
sobre Malhoa. A que durante longos anos foi sendo repetida à exaustão. O
próprio o reconhece no último parágrafo.
E apenas aí nos
diz coisa nova e inabitual, sobre um alegado hábito de Malhoa: «o de ir
todas as noites ao Gato Preto, fumar o seu cubano e cavaquear com
amigos de velha data». Surpreende, no mínimo! [4]
Então, e o famigerado original, qu’é
dele?! – impacienta-se o leitor, fartinho de tanta conversa.
Pois, quase
não tem mais conversa, foi já tudo explicado. Resta apenas ver.
Ver o modo como acabou por ser feito. Como se vê: aos bocadinhos!
Uns quatro
pedaços de papel, pacientemente colados uns aos outros, e um sobre outro,
completam esta espécie de puzzle. Pois emendas e retoques, não se podendo
apagar e fazer de novo, implicavam um novo pedaço de desenho aposto ao anterior.
Assim era.
Veja-se o
recorte com a cabeça de Malhoa [tentados a ver o que lá estaria por debaixo,
não?!] cuja costura passa abaixo da linha dos ombros, dá a volta cortando o
ombro esquerdo do Pintor, sobe junto ao limite do fundo colorido, entrevê-se na
horizontal logo acima do quico da cabeça, para descer de novo à beira da linha
preta que enquadra o fundo. Ou as tiras de papel acrescentadas à direita, a alargar
o suporte, para completar a ponta da paleta [duas? porque não apenas uma?!]
talvez em duas tentativas…
Claro, hoje em dia, mais de um século
depois, os efeitos do tempo, da luz, as variações de humidade, algum pó, a bicheza
[a microscópica, a que mais ataca!] lá amareleceram os papéis de forma
diversa, actuaram sobre as colagens, e tudo ficou mais marcado. E muito bom
está ele!
E as cores?! Parecem pintadas ontem!
E as cores?! Parecem pintadas ontem!
Na ocasião
da impressão deveria estar em melhor estado, obviamente. De qualquer modo, no
processo de transferência fotográfica para a feitura das chapas qualquer
imperfeição terá sido resolvida. [Menos na paleta: que, na gravura, um olhar mais atento logo topa dois saltos no traçado do canto emendado no original...]
Com 32,8x27,0 [a suposta folha inicial
teria 32,8x24,5] apresenta-se colado, apenas na parte superior, sobre uma
cartolina maior [37,8x32,8] de cor escura e pardacenta. As falhas no bordo superior da folha do desenho podem
ter sido obra de bicho ou, em eventual mudança de suporte, do descola
e cola.
Aparentemente,
estará tal como Valença o deu a Malhoa. O cartão que encerra o conjunto pela
parte traseira, travado por preguinhos na moldura de madeira, deve ter sido, tal
como esta, reaproveitado por Valença de uma outra obra sua. Virado do avesso, o cartão apresenta uma etiqueta colada, manuscrita a tinta e que diz em duas linhas: «Francisco
Valença | 6 – Aviso… importante» [a linha com o título foi riscada
a lápis].
A assinatura inicial, a reproduzida na
gravura editada, ainda lá está no mesmo sítio. Depois, aquando da oferta, foi
acrescentada a dedicatória: «Ao grande e glorioso Mestre José Malhôa, | com a mais
sincera admiração e viva simpatia, | Ofe. F. Valença | Janº.1925» e
ainda «(Original dos “Varões Assinalados” – Agosto 1911)».
E, para acabar, duas coisas mais.
Dois
desenhos de Valença, duas primeiras páginas do semanário humorístico «Sempre
Fixe». Estes já de 1928, dois anos após o golpe do 28 Maio, em plena
ditadura militar.
O primeiro,
publicado a 31 Mai., aproveita o decreto que alterou a regra do sentido do
trânsito rodoviário, mudança que iria entrar em vigor no dia seguinte. Informação
cívica e política.
[O boneco do
ardina não era novo, fazia, aliás, parte do habitual cabeçalho do jornal desde
o seu terceiro número, publicado a 27 Mai.1926, curiosamente na véspera do
golpe. E havia sido usado já de forma muito semelhante, no nº10, 15 Jul.1926.
Então acompanhado por letras garrafais com os dizeres que passariam a ser a regra
durante as décadas sequentes: «Este numero foi visado pela comissão de CENSURA».]
O segundo,
ocupando igualmente toda a primeira página do jornal, é de duas semanas depois.
Agora a propósito da «Homenagem ao Grande Pintor José Malhoa», realizada em
Jun.1928 na SNBA. E lá dentro, ao alto da pág.2, mais uma pequena nota.
E eu, se o usasse, também tiraria.
Ao Valença e
aos Bordallos. Ao «Sempre Fixe» e à imprensa livre. [Também à menina Maria.]
E ao Malhoa,
claro, que faria anos hoje!
28 Abr.2010. LBG.
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[1]. Curiosamente e no entanto, quando estou muito tempo sem
publicar coisa alguma aqui no blog e o resolvo fazer de novo,
verifica-se, nas horas imediatamente a seguir, um número esmagador de ávidos
leitores provenientes dos EUA (algumas vezes também da Federação Russa).
Como todos sabemos, estas coisas ligadas a Arte em Portugal no séc.XIX são assunto
que desperta o maior interesse por essas partes do globo… Bem hajam.
[2]. Depois, venham-me cá dizer que eu não
tenho razão…!? Há mais de um século que o Manel Gustavo “diz” a mesma coisa.
[3]. Há quem teimosamente o chame de “A
Pedra de Sal”, pode ser que assim lhe passem a chamar, sei lá, “Os Canhões de
Navarone”… «O que também está certo!» - como diria o Pedroto.
[4]. O Gato Preto, que se saiba, era loja de comércio onde
se vendiam, entre de muitas outras proveniências, as loiças, as cavacas e a
água das Caldas, também bengalas, brindes e utilidades. Ficava na esquina do
Arco do Bandeira com a rua da Vitória. E o dono, o Júlio Menezes era (sim
senhor!) das relações de Malhoa - até lhe levara «apenas o custo da fábrica»
pelos «448 azulejos» para as obras do «Casulo» [aqueles que, alguns acham,
o Bordallo foi lá pôr a Figueiró].
Mas,
convenhamos, mesmo se aquilo estivesse aberto à noite, sair de casa, ir das
Picoas ao meio da Baixa, e voltar, «todas as noites», era preciso
vontade! Apenas se o cavaquear fosse mesmo muito bom e o charuto ainda
melhor…! E, das três, uma: ou Simões está a falar de qualquer outra coisa que
hoje em dia desconhecemos, ou é figura de retórica, piada, remoque que não percebemos,
ou delirou.
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